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15.1.08

EM ARDECER

a Lysia Leal


Excluindo a primeira
estrofe, primeira
idéia, abrirei
mão da meta
-linguagem e
ponho-me a d-
escrever a fusão
do à volta e a-
dentro no que result
-ar:

arrebol em Ipanema
que vejo da avenida
do Oscar, e que me traz
o lembrar...

(silêncio barulhento)

Azul do mar e ilhas
do Rio, e do outro la
-do pedras de pré-
dios, mas fa-
lava do lembrar:

a vejo quando o dia
ganha sua melhor cor, la
-ranja, e me vem
meu anjo, que ta-
mbém é do bom pecado,

e uma pena pe-
lo que hei aju-
dado em seu cha-
tear. E por isso e-
sse fio teço,
pra fazer o que ela
gosta, poemas não
metalingüísticos.

Perdão, parece
que traí mi-
nha proposta inicial
, mas não, eu
falo mesmo é de a-
mor e do que a-
vista meu coração.
*********
prove a prosa poética
Caramelinhos & Caraminholas
(o blog onde há uma Czarina com um Remo perto de um Jardim)

25 comentários:

  1. Achei que o recurso foi usado em demasia e, a mim, pareceu-me vago.
    Sou seu fá semrpe, mas esse aqui penso fugir ao melhor de sua rica safra.

    Abs,
    REMO.

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  2. poetíssimo Remo que me perdoe, mas mais que o "recurso", que foi bem colocado, permitindo a descoberta de idéias furta-cor dentro do invólucro das palavras, o poema tem uma riqueza de imagens e lirismo, além de uma reflexão sobre o próprio verve e o ato de escrever. é um poema que se auto-subverte. por isso, tomarei emprestada uma palavra do querido Pedro Pan para defini-lo: "magistral"!
    enquanto lia, veio-me à cabeça Gullar, e isso, meu caro, é um dos meus melhores elogios. mercerido, muito mesmo!
    abração, Jardim!

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  3. Eis a bela tarefa: perceber o belo por detrás do jogos...Aos que conseguem, aqui está uma doce beleza.

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  4. ARDECER não existe na língua portuguesa.
    HEI AJUDADO é uma aberração, um atentado às normas cultas da língua.
    Acho que o senhor precisa repensar a poesia que, nem de longe, se parece com isso.

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  5. Salve a saudável polêmica!
    Abaixo o voto secreto!
    Quem não se revela, revela,
    não só uma balela acadêmica,
    mas flagrante auto-descrédito.


    :)

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  6. Jardim, na minha opinião, o Anônimo não quis ser estúpido não, na verdade, tentou ser engraçado! mas nem todos têm o dom, né? Fazer o quê...

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  7. detesto a
    nón-
    imo
    s.
    abomino-os, sempre os achei uns falta-de-coragem----> up's esta palavra n existe, será q ele vai criticar. e os meus n e os meus q. ixxxxxxxx
    Bom amei este belo em ardecer. ADOREI! PARABÉNS!!!!
    be-
    ijos
    a.

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  8. Obrigado pela visita e pelo generoso comentário, meu caro Poeta. Na verdade, sinto-me presenteado pela visita que me possibilitou conhecer um Poeta de raro talento. Vou demorar por aqui e voltar sempre.
    Forte abraço.

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  9. Oi, Leandro.

    Gosto de tentativas e experiências em poesia.

    ;)

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  10. Ardecer... ah, é uma beleza!

    A despeito de toda despoesia que alguns podem alegar, há mais poesia nestas flores que a rima fácil não adivinha.

    Gostei desse jardim! Voltarei mais vezes!

    Abraço! :-)

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  11. quem nunca ardeceu por favor peça licença e vá passear...a imagem é linda. Um arrebol incandescente. De paixão ou melancolia? acertou em cheio heheh.
    beijo,
    L. Leal.

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  12. Mordemos, quebramos as apalavras na boca, degustando-as conforme o sentimento, o pensamento, a ação. Por que não nos seria permitido descascá-las, espremê-las, estourá-las com as mãos (escrevendo)?
    Viva a arte que se faz em quem arte faz.

    Obrigado pela visita ao "essapalavra"

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  13. Que coisa mais feia! O direito de opinião é garantido constitucionalmente, mas o anonimato, buuuuh, que covardia!
    Chame os advogodos, Lê!

    Muito bom o poema. Eu talvez não quebraria as palavras assim, mas eu sou coxinha, né? Rs.

    Beijos e keep writing!

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  14. Sem comentários-cabeça:
    gostei e ponto

    Abraço & stay breaking the rules.

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  15. Drummond responde por mim...

    Sei que o poema é grande, mas vale a pena....

    Será que "hei ajudado" está assim tão errado?

    O que Drummond acha?

    A UM HOTEL EM DEMOLIÇÃO
    DRUMMOND

    (Pois eras bem longevo, Hotel, e no teu bojo
    o que era nojo se sorria, em pó, contigo.)

    O tardo rubro alexandrino decomposto.

    Casais entrelaçados no sussurro
    de carvão carioca, bondes fagulhando, políticos
    politicando em mornos corredores
    estrelas italianas, porteiros em êxtase
    cabineiros em pânico:
    Por que tanta suntuosidade se encarcera
    entre quatro tabiques de comércio?
    A bandeja tremulargentina:
    desejo café geléia matutinos que sei eu.
    A mulher estava nua no quarto e recebeu-me
    com a gravidade própria aos deuses em viagem:
    Stellenn Sie es auf den Tisch!

    Sim, não fui teu quarteiro, nem ao menos
    boy em teu sistema de comunicações louça
    a serviço prandial azáfama diurna.
    Como é que vivo então os teus arquivos
    e te malsinto em mim que nunca estive
    em teu registro como estão os mortos
    em seus compartimentos numerados?

    Represento os amores que não tive
    mas em ti se tiveram foice-coice.
    como escorre escada serra abaixo lesma
    das memórias
    de duzentos mil corpos que abrigaste
    ficha ficha ficha ficha ficha
    fichchchch
    O 137 está chamando
    depressa que o homem vai morrer
    é aspirina? padre que ele quer?
    Não, se ele mesmo é padre e está rezando
    por conta dos pecados deste hotel
    e de quaisquer outros hotéis pelo caminho
    que passa de um a outro homem, que em nenhum
    ponto tem princípio ou desemboque;
    e é apenas caminho e sempre sempre
    se povoa de gestos e partidas
    e chegadas e fugas e quilômetros.
    ele reza ele morre e solitária
    uma torneira
    pinga
    e o chuveiro
    chuvilha
    e a chama
    azul do gás silva no banho
    sobre o Largo da Carioca em flor ao sol.

    (Entre tapumes não te vejo
    roto desventrado poluído
    imagino-te ileso
    emergindo dos sambas dobrados da polícia militar,
    do coro ululante de torcedores do campeonato mundial pelo rádio
    a todos oferecendo, Hotel Avenida,
    uma palma de cor nunca esbatida.)

    Eras o Tempo e presidias
    ao febril reconhecimento de dedos
    amor sem pouso certo na cidade
    à trama dos vigaristas, à esperança
    dos empregos, à ferrugem dos governos
    à vida nacional em termos de indivíduo
    e a movimentos de massa que vinham espumar sob a arcada conventual de teus bondes.

    Estavas no centro do Brasil,
    nostalgias januárias balouçavam
    em teu regaço, capangueiros vinham
    confiar-te suas pedras, boiadeiros
    pastoreavam rebanhos no terraço
    e um açúcar de lágrimas caipiras
    era ensacado a todo instante em envelopes
    (azuis?) nos escaninhos da gerência
    e eras tanto café e alguma nota promissória.
    Que professor professa numa alcova
    irreal, Direito das Coisas, doutrinando
    a baratas que atarefadas não o escutam?
    Que flauta insiste na sonatina sem piano
    em hora de silêncio regulamentar?
    E as manias de moradores antigos
    que recebem á noite a visita do prefeito Passos para discutir novas técnicas urbanísticas?
    E teus mortos
    incomparavelmente mortos de hotel fraudados
    na morte familial a que aspiramos
    como a um não-morrer-morrido;
    mortos que é preciso despachar
    rápido, não se contagiem os lençóis
    e guardapires
    dessa friúra diversa que os circunda
    nem haja nunca memória nesta cama
    do que não seja vida na Avenida.

    Ouves a ladainha em bolhas intestinas?

    Balcão de mensageiros imóveis saveiros
    banca de jornais para nunca e mais
    alvas lavanderias de que restam estrias
    bonbonnières onde o papel de prata
    faz serenata em boca de mulheres
    central telefônica soturnamente afônica
    discos lamentação de partidos meniscos
    papelarias
    conversarias
    chope da Brahma louco de quem ama
    e o Bar Nacional pura afetividade
    súbito ressuscita Mário de Andrade.

    Que fazer do relógio
    ou fazer de nós mesmos
    sem tempo sem mais ponto
    sem contraponto sem
    medida de extensão
    sem sequer necrológio
    enquanto em cinza foge o
    impaciente bisão
    a que ninguém os chifres
    sujigou, aflição?
    Ele marcava mar-
    cava cava cava
    e eis-nos sós marcados
    de todos os falhados
    amores recolhidos
    relógio que não ouço
    e nem me dá ouvidos
    robot de puro olfato
    a farejar o imenso país do imóvel tato
    as vias que corri
    a teu comando fecham-se
    nas travessas em I
    nos vagos pesadelos
    nos sombrios dejetos
    em que nossos projetos
    se estratificaram.

    A ti não te destroem
    como as térmitas papam
    livro terra existência.
    Eles sim teus ponteiros
    vorazes esfarelam
    a túnica de Vênus
    o de mais o de menos
    este verso tatuado
    e tudo que HEI ANDADO
    por te iludir e tudo
    que nas arkademias
    institutos autárquicos
    históricos astutos
    se ensina com malícia
    sobre o evolver das coisas
    ó relógio hoteleiro
    deus do cauto mineiro,
    silêncio,
    pudicícia.

    Mas tudo que moeste
    hoje de ti se vinga
    por artes
    de pesada mandinga.
    Deglutimos teu vidro
    abafando a linguagem
    que das próprias estilhas
    se afadiga em pulsar
    o minuto de espera
    quando cessou na tarde
    a brisa de esperar.

    Decidam por vcs.
    Eu HEI AMADO esse poema....

    bjs

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  16. Se a palavra não existe, a gente inventa! O que não vale é ficar anônimo, e não permitir que a gente veja se ele sabe fazer melhor!
    Eu amei todo o jogo de palavras! Com certeza, aqui não há pragas, só flores e sementes!
    Tenha certeza de vc tem muito fãs que ardecem pela sua poesia!

    Uma chuva de pétalas de cristal!!!

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  17. hahaha,,, Salve, salve a polêmica! rsrs
    ...
    E, se quer saber, trair a proposta inicial é o que resume poesia,,, rs
    E ter alguém avistando, como tu e tua letra, é ótimo!

    Abraços e ardecidas invenções!

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  18. E continue mesmo, Jardinzin, a falar de amor e visões do coração. O faz muito bem, muito bem...

    Beijos deste lado de cá.

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  19. Olá Leandro, tudo bem?!
    Quero dizer que acho muito legal a forma que você escreve, muito bacana mesmo. Quero agradecer também pelo comentário lá no meu blo, um pouco sucinto não é?! Mas tudo bem...
    Espero que vostes mais vezes. E espero contar com sua ajuda também, pois não sou assim tão bom como você, mas gostaria de melhorar.
    Um abraço,


    Valder

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  20. Leandrinho, meu querido conterrâneo, te espero lá no Rosa de cristal, para pegar um selo. Você está entre meus 7 indicados.

    Muitas flores de cristal para seu jardim!!!

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  21. Também não suporto anônimos - é coisa de quem não tem fleugma de lirismo!!


    Abs, amigo!!
    REMO.

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  22. ...
    -Um jardineiro fiel...
    Gostei!!!

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  23. "Do que avista o coração" é senha de poetas. Aliás, uma bela senha. Rio daqui - abraço aí

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  24. o poema é o de menos, a musa é q demais!

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