Mais

12.2.08

Um possível último alexandrino

O farfalhar do ego em dúvida constrange
o estômago - chamado alma ou coração.
E o sentimento, carvão corado, se abrange
e nos fazemos, vemos, lemos emoção.

São esses lemes entre o somos e o queremos,
suaves sopros em velas ou frágeis flâmulas,
que luzem fardo e vias sobre o que não temos,
onde as auroras frias e as noites sonâmbulas.

Assim, fora toda metáfora, que nata
desfaz a natureza em sua destragédia,
o mais é um certo tipo de nada repleto.

E nós um certo tipo repleto de nada,
mistificando agoras e enciclopédias
sobre o que foi. Sobra o que sou de indireto.

16 comentários:

  1. Ae Leandro,

    Tu és bom também no soneto, heim rapaz!
    "Nada repleto...
    repleto de nada...
    sobra o que eu sou de indireto..."

    Gostei!

    Abraço

    ResponderExcluir
  2. Gosto da metalinguagem e do diálogo de confronto entre a modernidade jocosa do título com a trabalhada no poema. Um texto mesmo de minúcias e sutilezas.
    Grande poeta essa Jardim!!

    Abs,
    REMO.

    ResponderExcluir
  3. Que coisa mais boa! Adoro!

    Estou de volta lá no blog.

    ResponderExcluir
  4. Ual!!!!!

    Isso sim é poesia!!!!!!

    hahahahahaahah

    ResponderExcluir
  5. "Mistificando agoras e enciclopédias sobre o que foi". Que lindo, Leandro!
    O que vc escreve é muito sagaz, e com certeza, sempre vale a pena ler.

    Beijos doces cristalizados, e um ótimo fim de semana!!! :o*

    ResponderExcluir
  6. não é pra qualquer um, que um poema assim nasce.
    Fiquei aqui que nem boba tentando escolher uma frase que tenha me tocado,que tenha pulado da tela, mas elas saltitavam tanto , que fiquei tonta.

    Bjo

    ResponderExcluir
  7. Uau....uma beleza ímpar!....prum dia em que eu meio tristinha, passo por aqui...

    Mas poesia é sempre bom. A sua, então, melhora qualquer dia...

    bjs

    ResponderExcluir
  8. "E nós um certo tipo repleto de nada"

    Tenho pensado muito nisso. Belo alexandrino. Voltarei mais.

    =)

    ResponderExcluir
  9. uau, que poema! adorei e me deliciei com cada palavra
    realmente muito bom!


    abraços!

    ResponderExcluir
  10. Vim vindo de outros blogues. Vim visitar o que esperava ver. Boas escritas em forma de só sentimento.

    Vou virar freguÊs deste espaço.

    Abçs,




    Texto de hoje: AmiZadE...

    Visite e Comente... http://oavessodavida.blogspot.com/

    O AveSSo dA ViDa - um blog onde os relatos são fictícios e, por vezes, bem reais...

    ResponderExcluir
  11. Ei Leandro,
    viajei nos seus versos, e, acho que encontro entre o nada e o tudo, um ser que está sempre em busca.
    Apesar de ser
    nada
    indireto
    consegue ser
    sempre
    repleto.
    Um abraço
    Jacinta

    PS: Adorei seu comentário no meu florescer

    ResponderExcluir
  12. tudo é tão efêmero!

    ResponderExcluir
  13. Uau, Jardinzin, amei...eu, que te leio já há tempo, tenho a impressão de que vc melhora mais e mais...até o infinito?... ;)

    Beijos...

    ResponderExcluir