14.4.06

RISCOS

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... e lá vai ele, só.
Passados 30, não mais brinca.
Recorda, não se arrepende e corresponde.
Só,
como um martelo na sua cabeça,
tão resolvida.
Então resolveu
experimentar outra marca de pão.
E seguiu,
administrando bem suas finanças.

Lá vem ela...
não se conhecem, bem que poderiam
quase esbarram, nem se viram.
Firme em seus objetivos
ela segue em foco a vida,
e sem fuga à rota
mas falta
companhia, às vezes apenas,
no apagar dos dias sem chope.

E eu, que observo, me pergunto:
Onde chegam tais vidas de hoje amanhã?
Se tudo é tão plural e cada um tão singular,
se tudo é só refrão e não há tempo para estrofes,
se tudo é comprimido, emoção botão on/off,
qual será o risco
de não se comprar uns outros discos?

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Tenho muita curiosidade de saber o que as pessoas pensam dessa poesia...

6 comentários:

Anônimo disse...

Tem cara de Los Hermanos...
(E isso foi um elogio, pq eu AMO Los Hermanos).

Elaine Lemos disse...

É o cotidiano que nos trava... É tudo como um ritual... Mas se percebêssemos as sutilezas e não tivéssemos tanto medo de comprar outros discos...

Muito boa, Leandro!

Melina França disse...

Eu nem tinha lido essa poesia. Você atualiza mais rápido do que a minha memória retardada se lembra que blogs existem.

As vidas de hoje, creio eu, estão no mesmo lugar amanhã. Na mesma hora. No mesmo passo. Mesmo cenário. Mesma marca de pão (ou não?). Mesmos discos. Mesmos "não-sorrisos" de sempre.
Pra você ver como são as coisas... Até "tudo" está no singular.
E o risco, eu te digo. Deve ser o medo de mudar.
(...)

É tão estranho andar pelas ruas e ver tantos rostos desconhecidos. Rostos alheios a dor dos outros. Olhos que vêem outros olhos e não conseguem identificar sentimentos iguais. É estranho pensar que, no meio de tantas pessoas, estamos sós. Sozinhos com nossa consciência e nossas dores. O ser humano é tão complexo a ponto de não poder ser compreendido por seus iguais? Não... Mas o homem, em sua complexidade disfarçada, criou uma arma para "proteger-se" da magia do mundo: uma máscara de indiferença que faz tantos rostos distintos no meio das ruas parecerem iguais.

Ivã Coelho disse...

O risco é estar a ouvir sempre as mesmas músicas. Risco, alias, desnecessário.

Gostei daqui.

Abçs, coisa e tal.

Anônimo disse...

Uma das minhas favoritas! Excelente!

Anônimo disse...

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