29.5.06

URBANISMO E NATUREZA

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Sou filho mesmo dessa urbanidade.
Fruto, solo e adubo.
Ou seria fumaça, asfalto e cimento?
Fico como flor de plástico, por enquanto.

As paisagens, a natureza de que preciso
- pra não esquecer minhas animalidades -,
encontro nos livros que leio.
Nesses tais universos que se contam pelas matas e bichos que contém.
Que infinitam em diversidades de espécies, coisas e significâncias.

Sou grato a Pessoa(s) e a Barros.
Aos poetas todos, e seus livros-vôos.
Essas janelas de teletransporte que ora me chamam.
Esses álbuns de fotografia impressionista que ora me bastam.

Mas preciso das galerias intangíveis na velocidade cortante dos viadutos.
Encontro meus contrastes nas oscilações filtradas desse tempo-espaço.
Construo preenchimentos do ruído mudo desses templos escassos.

Quando a paz me pousa, por um domingo aos pedaços que seja:
ouço gorjeio no ronco dos motores,
vejo édens espreitando por entre pernas em calçadões,
meu céu da boca não reclama de arranha-céus (que até fazem cócegas).
E a brisa da manhã também se faz nos velhinhos das padarias.

A desaceleração reveladora me abre por olhos novos.
E é filha da correria.
Minha natureza é a natureza que é minha.

15 comentários:

Anônimo disse...

Lindo!
Senti a brisa do lado de cá.
Um beijo.

Anônimo disse...

Feliz de ti que sentes prazer nos perfumes das flores de plástico. Feliz de ti pois em dobro saboreias cantos de passarinhos, entre roncos de motor e o próprio avoador.
Poetou bonito.
Carinhos pra ti

Elaine Lemos disse...

Ah, querido poeta! Que tua natureza que é tua nos seja sempre assim revelada. Reveladora de si mesma...

Desejo-te muitos vôos, ainda que entre pernas e arranha-céus!

Bjs.

Anônimo disse...

São esses livros-vôos
Ora livres
Que arranham o meu céu
Ampliam meu tempo-espaço
E me dão gosto de quero mais.

Parabéns por escrever tão bem e obrigada por ser um dos responsáveis por eu ter vontade de brincar com as palavras de novo.

Beijos!

A czarina das quinquilharias disse...

e pôr os pés num concreto quentinho de sol.
queria só que fosse menos cinza. alguma natureza há de haver :)
e antes que eu me esqueça, encantador.
(imagino todos os poetas arcádicos rangendo os dentes em suas tumbas)

Anônimo disse...

Que as janelas estejam sempre abertas para os nossos vôos... ;)

Bjus.

Larissa Marques - LM@rq disse...

Bem que disse que completaria a trilogia, genial!
Beijos!
De cimento e pó!

Larissa Marques - LM@rq disse...

O comentário era pra poesia de baixo, mas sou assim mesmo, deligada!
Sobre esse, um requiém faz-se nas cidades perdidas e sugadoras de nós!
Lindo, Beijos!

Anônimo disse...

, ah! quotidianos desta urbanicidade que vivemos. e artificiais flores, artificiais flores.
|abraços meus|

Rayanne disse...

E a minha natureza diversa
Em cinzento se aflige, concreta
Aprisionada pela poesia discreta
de todas as esquinas

Não, eu não sou daqui
dentro, o coração pulsa espaços abissais
e cada fibra retesada sonha
paisagens bucólicas, coloniais
Gorjeios de bássaros,
cântico das águas,
prá que eu possa enraizar em paz.


Estrelas.

Lubi disse...

Texto meio paulistano...
:D
Obrigado pelo link!
Assim que der uma mexidinha no meu canto, colocarei o seu também. Gostei muito daqui.
Beijos!

Aerodrama disse...

Nossa senhora!!! Sem palavras!!! Muito bom!!!! muito bom mesmo.

Filhos do concreto, amantes das luzes artificiais, seguimos nossa sina, bloco sobre bloco, e "tadam", um cidade para a gente morar. De dentro para fora, fazemos (mas eu acredito que desfazemos) o mundo a nossa volta ^^

Agradeço também por sua presença em meu blog, com certeza é promissor a constância da ida e vinda.

Um grande abraço,
Aerodrama.

Marina disse...

Ah, gostei da sua sugestão lá no meu poema sujo... hehehe... Peguei pra mim! ;)

Beijão!

Cláudio B. Carlos disse...

Link retribuído.
*CC*

Anônimo disse...

Selva de pedra que encanta os cantos enfumaçados e poluidos fazendo desse canto um bater de coração a mil por hora.
lindo dia,
beijossssssssssss